VIANNA SEGUROS

A trajetória da judoca Rafaela Silva é um exemplo potente de como a blindagem emocional e o acompanhamento especializado podem ser determinantes para superar não apenas os desafios da carreira, mas também os traumas da vida pessoal, além de permitir olhar para o futuro e pensar em novos projetos.
Campeã olímpica e símbolo de superação, Rafaela compartilhou no videocast Zona Segura, da MAG Seguros, episódios marcantes de sua jornada — desde o racismo sofrido após a queda nas Olimpíadas de Londres até o mergulho profundo em uma depressão que quase a fez desistir de tudo.
Ela conta ainda como desenvolveu uma nova consciência sobre planejamento financeiro, algo que também se conecta à saúde emocional. Após viver um período de bonança, Rafaela viu-se financeiramente despreparada durante uma suspensão de dois anos que a impediu de competir.
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“Eu fiquei bastante chateada com a situação. Eu não queria mais saber de judô”, contou. Ela relembrou que, na época, não poderia desistir do esporte porque não tinha outros meios de sustento.
“Foi aquilo que me acordou pra vida e foi onde eu comecei a cuidar do meu dinheiro, a cuidar melhor da minha família.”
Foi mais um aprendizado sobre a importância de ter apoio e planejamento, não apenas técnico ou emocional, mas também estrutural.
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Projeto de vida
Neste novo momento, a campeã olímpica revela que mira uma nova participação na próxima Olímpiada e que quer ajudar a desenvolver o esporte em outras frentes.
“Vou em busca da minha classificação para mais uma Olimpíada, em Los Angeles 2028. Após a carreira como atleta, pretendo entrar na comissão técnica e ajudar o judô, o esporte brasileiro. ”
A atleta, que começou a carreira vitoriosa em um projeto social, na Cidade de Deus, relembrou como o esporte foi importante na sua vida. “Hoje eu tenho cinco passaportes, viajo o tempo inteiro. As pessoas perguntam: ‘Se não fosse o judô, onde a Rafaela estaria?’. Eu não sei, porque a maioria dos jovens ali até chegaram a treinar um tempo, mas não seguiram. Provavelmente, eu não seria essa atleta, esse ser humano que eu sou hoje, se não fosse o esporte.”
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Hoje, com 33 anos, Rafaela quer devolver à sociedade aquilo que o esporte lhe proporcionou. “Desejo abrir um projeto social junto com a minha irmã e passar para as próximas gerações o que o judô proporcionou pra gente”, acrescentou.
Seu projeto de criar uma iniciativa social é um desdobramento natural de quem compreendeu que não se vence apenas com talento e esforço — mas com estrutura emocional e suporte ao longo do caminho.

Ponto de virada
A judoca revelou que, após a desclassificação em Londres 2012, caiu em um estado de sofrimento emocional extremo. “Eu fiquei em depressão, pensei em tirar minha vida. Foi um processo muito difícil”, relatou. Foi nesse período que ela começou a perceber a importância de olhar para a saúde mental com seriedade — um passo que exigiu coragem e, sobretudo, suporte especializado.
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O turning point veio com a ajuda de uma coach, Nell Salgado, que foi peça-chave para Rafaela reorganizar sua mente e se preparar para voltar ao tatame. Ao provocá-la com a imagem de assistir à próxima Olimpíada do sofá, Nell ajudou a reacender a chama da atleta, que voltou determinada a competir. Quatro anos depois, no Rio de Janeiro, Rafaela se consagrou como a primeira mulher brasileira campeã olímpica no judô.
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Protegendo a mente
Mas esse retorno só foi possível porque houve um processo de blindagem emocional. Rafaela aprendeu a proteger sua mente do bombardeio externo — seja das redes sociais, seja das cobranças desumanas por resultados. “Hoje, deixo o celular de lado antes de competir. Se perco, levo alguns dias para me reconectar. É o tempo que a minha mente precisa”, explicou.
Esse cuidado com o emocional é ainda mais crucial em ambientes de alta pressão como o esporte profissional. Rafaela viu colegas invictos ruírem por não estarem preparados psicologicamente para lidar com o momento decisivo. Foi isso que a motivou a iniciar uma graduação em Psicologia — trancada por ora, mas ainda uma área de interesse.
Blindar-se emocionalmente não significa endurecer ou ignorar os sentimentos, mas sim desenvolver mecanismos saudáveis para enfrentá-los, com apoio técnico, terapêutico e humano. A trajetória de Rafaela mostra que contar com uma rede de apoio — seja familiar, técnica ou profissional — é um diferencial para atravessar as fases mais críticas com mais clareza e estrutura.